Quem fez a minha roupa?

O mês de abril chegou ao fim, mas deixou uma questão para refletir durante todo ano, e a cada compra: quem fez a minha roupa?

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Em 2013, após o desabamento do Rana Plaza no Bangladesh, onde mais de 1.200 pessoas sob condições inadequadas de trabalho morreram e outras tantas foram mutiladas, nasceu o Fashion Revolution. Um movimento internacional com o propósito de repensar a indústria da moda, sua cadeia de produção, hábitos de consumo, impacto ambiental, trabalho análogo à de escravo, etc.

Assuntos que tem chegado à consciência, e através do Fashion Revolution Week, movimentou espaços com oficinas, documentários, discussões e desfiles em mais de 70 países, incluindo o Brasil. E nós, que acompanhamos de perto a produção desde as primeiras t-shirts com alma e temos nos voltado cada vez mais para desenvolver produtos sustentáveis, ficamos emocionados em ver e viver essa ação, que também virou tema do Bate-Papo Amador da semana com Ana Fernanda, responsável pela realização do evento aqui em Salvador.

Já apresentamos Rosimeire e Raimunda por aqui. Duas das três costureiras que fizeram com amor as nossas EcoMochilas.

E que nos fez relembrar de um video lá do início da Euzaria, onde dividimos cada etapa do desenvolvimento de um dos nossos produtos e pessoas envolvidas nele, desde a criação da estampa por , até o processo de impressão feito por Maurício.

Porque a gente acredita que para gerar valor compartilhado e introduzir uma cultura de transformação é essencial ser transparente, com o máximo de informação que possa contribuir para a escolha de um consumo mais consciente, baseado em crenças que vão além do ter. Pois o exemplo das nossas ações e o conhecimento são as únicas ferramentas que temos para mudar o cenário atual do mercado da moda, que diante da globalização tem caminhado num ritmo frenético.

Bem diferente de 20 anos atrás, quando eram criadas basicamente uma coleção por estação e as últimas novidades eram publicadas semanas depois ao desfile em revistas especializadas no assunto… Imagina então saber o que se passava por trás? Hoje sabemos! Em compensação, esse acesso também colaborou para acelerar a produção de roupas e outros acessórios, criando mais de 50 coleções por ano para atender aos desejos de consumo desenfreado, captados diariamente através de sites, blogs e outras redes sociais, onde as “tendências” são ditas em tempo real e criam “necessidades”, revelando uma das maiores indústrias do mundo!

Dentro desse contexto, empresas que tem o lucro como principal propósito de sua existência, terceirizam a fabricação dos seus produtos, negociando preços injustos para diminuir o custo, ainda que à custo da qualidade de vida e condições dignas de trabalho para aumentarem a margem em seus negócios milionários, se abstendo da responsabilidade sobre essas pessoas em sua cadeia produtiva. Mas, como saber quem são essas empresas?

Muitas ainda conseguem ocultar seu envolvimento, outras já foram denunciadas e algumas estão no aplicativo Moda Livre, da ONG Repórter Brasil, que ajuda a informar a conduta atual da marca, sinalizando com as cores vermelho para práticas trabalhistas ilegais, amarelo para autuações ainda não regularizadas e verde para aquelas que representam uma moda consciente.

aplicativo moda livre

Vale a pena conhecer para ter mais essa escolha nas mãos, assim como assistir The True Cost, disponível no Netflix. Um documentário que mostra a realidade de muitos trabalhadores, relembra casos de denúncia e tragédias, traz dados sobre impactos ambientais e conversa com empreendedores e estilistas que seguem com propostas revolucionárias, como People Tree e Stella Maccartney.

The true cost moda consciente

Um contexto que assusta, e nós sabemos: não vai mudar de uma hora pra outra, mas temos o poder de fazer a nossa parte e nos enxergar como corresponsáveis, afinal, todos nós consumimos e somos livres para escolher onde, como e por que, tirando o peso de sermos vítimas e ajudar a criar tantas outras como as que morreram na fábrica no Bangladesh em nome de uma moda que não nos representa.

One thought on “Quem fez a minha roupa?”

  1. Já conhecia o aplicativo, mas o evento é novidade pra mim.
    Penso que devemos nos preocupar sim com a origem do que usamos, do que consumimos….

    Vou deixar uma dica de um documentário muito bom que vi há algum tempo atrás. Vale muito a pena.

    http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2015/01/serie-envia-blogueiros-de-moda-para-conhecer-fabrica-textil-no-camboja.html

    Sucesso!!!

    ♡> $

    P.S.: A pessoa tá em aula e lendo o blog da Euzaria 😀
    Abafa, ninguém precisa saber. hahahaah

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