Cleci é cadeirante e dividiu experiências no Bate Papo Amador

O Bate Papo Amador da semana passada foi um daqueles momentos que nos fez sentir gratidão por estar exatamente ali, e poder escutar o outro, abraçar a empatia e aprender um pouco mais, ao lado de pessoas de coração aberto e da nossa convidada Cleciane Cruz, que dividiu suas dificuldades e superações como cadeirante através do tema da estampa “vem comigo que no carinho eu te explico”, criada em parceria com @poesfera, e quem nos apresentou Cleci através do Onda Infinita.

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Cleci começou contando um pouco sobre sua história e o motivo que a levou a usar cadeira de rodas. Quer conhecer também? Ela tem 24 anos, é estudante de BI de Humanidades da UFBA e nasceu com uma patologia chamada Síndrome Miastênica Congênita, caracterizada por sintomas de fraqueza e cansaço extremos dos músculos voluntários, que em função da falta de tratamento específico, evoluiu…

Falou sobre o preconceito da sociedade diante das deficiências físicas como um todo: “O preconceito existe e se agrava por eu ser mulher. É diferente ser cadeirante, de ser cadeirante e negro, homossexual ou pertencer a qualquer outro grupo de pessoas despreviligiadas”. Mas pra ela, é ainda mais difícil quando não compreendem que suas limitações físicas não estão relacionadas à capacidade intelectual, e acaba passando por situações desagradáveis. “Uma vez fui ao mercado sozinha, e no caixa perguntaram à pessoa ao lado, que eu nem conhecia, se eu ia passar as compras. Eu respondi, mas não consigo entender o que passa na cabeça dessas pessoas”.

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Infelizmente, situações como essa que Cleci enfrentou se repetem no dia a dia dela e de tantas pessoas em circunstâncias semelhantes, até mesmo em locais que aparentemente estão preparados para atendê-los por oferecerem vias de acesso adaptadas. Mas na maioria das vezes não estão, porque a maioria das pessoas não está. “Mais do que acessibilidade, falta informação e respeito… saber como agir”, desabafou.

E desse papo, foram surgindo ideias para incentivar a implementação de mais vias de acesso em nossa cidade junto ao Ministério Público e outras iniciativas que já vem lutando pela causa, além de projetos com o propósito de despertar a empatia através de experiências de dificuldade de locomoção e acesso. E foram  levantados ainda, pontos importantes como citado por Juliana Barbosa, estudante de arquitetura: “até mesmo no meu curso, a acessibilidade é restrita e as normas muito limitadas. Parece que basta acrescentar uma rampa no projeto que o problema está solucionado, mas não está”.

Pra terminar, uma agente que compartilhou vivências com sua mãe, que também tem uma deficiência física, perguntou se Cleci se incomodava com os olhares curiosos em sua direção, e de forma muito franca, ela respondeu: “Antes incomodava, sem perceber tirava fotos apenas da cintura pra cima e me preocupava em fazer coisas que as pessoas pensassem: ela é deficiente mas sabe fazer tal coisa… Quem ainda se incomoda são meus amigos. Eu já estou acostumada. Hoje me aceito como sou”.

E a gente agradece exatamente por você ser quem você é, e inspirar com leveza e determinação pessoas a seguirem em frente, em direção aos próprios sonhos. Assim como seguiu para realizar a compra da cadeira de rodas motorizada. Um sonho que continua, e todo mundo pode fazer parte